segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Conselho da Juventude, audiência reforça crítica de modelo submisso ao governo

A terceira audiência pública para debate do projeto de lei 284/2013 - que regulamenta o Conselho Estadual da Juventude no Estado –, na noite de quinta-feira (24), em Curitibanos, reforçou o discurso crítico ao texto proposto pelo Governo do Estado, em agosto deste ano. Mais de 250 jovens das regiões Serrana, Meio Oeste e do Alto Vale do Itajaí analisaram a matéria durante cerca de 3 horas, e apontaram sugestões de mudanças ao projeto.


Espaço direto de participação da população de 16 a 29 anos na definição de políticas públicas estaduais, o Conselho é parte fundamental para execução, articulação e fiscalização das ações e dos recursos dirigidos à juventude em Santa Catarina. Nas audiências, o texto é exposto em um telão e os representantes dos grupos apontam, um a um, trechos passíveis de revisão. As sugestões serão organizadas em um documento, entregue ao relator do projeto na Assembleia.

Avanço relativo

 Apesar de considerarem a apresentação da proposta um avanço, representantes de entidades ligadas aos jovens catarinenses são unânimes em criticar o caráter de submissão ao Governo do Estado, presente em alguns dos 14 artigos do projeto. “A divisão de espaço entre sociedade civil e governo, o caráter consultivo e os critérios de escolha propostos são pontos centrais dos questionamentos nas audiências”, explica o deputado Padre Pedro Baldissera (PT), que propôs à Comissão de Legislação Participativa a série de cinco audiências públicas para análise do projeto de lei. A Comissão, presidida pela deputada Angela Albino (PC do B), recebeu o pedido e assumiu o desafio de garantir a realização dos encontros. Nesta sexta-feira (25), às 19h, em Chapecó, acontece a penúltima audiência. O ciclo encerra em 5 de novembro na Capital.

Abertura

Antes da abertura dos debates em Curitibanos, o Coral da UFSC cantou o hino nacional e as peças Cio da Terra e Happy Day. Além dos representantes de entidades da juventude e do deputado Padre Pedro, diversas autoridades regionais acompanharam as discussões, como o prefeito municipal de Curitibanos José Antônio Guidi, o vice Aldo Dolberth, a secretária da Agricultura, Neide Furlan, e vereadores de municípios da região. Representando a União Catarinense dos Estudantes (UCE), Lucas Tiburski e a Pastoral da Juventude do Estado, Uilian Dal Piaz. 

Texto “atrela” conselho ao Governo
  
Uma das principais divergências está na divisão de cadeiras entre Governo e entidades da sociedade civil. “Em todos Estados e na União a divisão prevê dois terços para a sociedade civil, enquanto que o projeto aponta paridade em Santa Catarina. E há parágrafos que protegem a representação do Governo, sem o mesmo tratamento aos representantes da sociedade civil”, defendeu Rodrigo da Silva Soares, representante do Instituto Catarinense da Juventude (ICJ). A entidade analisou as leis e estatutos dos Conselhos em 20 Estados, e as regras previstas para o Conselho Nacional. O trabalho resultou num documento com 22 propostas de alterações, entregue à mesa da audiência.

O vereador Sidnei Furlan (PT), de Curitibanos, reuniu-se com o deputado Padre Pedro logo que o projeto chegou à Assembleia, e mobilizou escolas e entidades para construir um documento de forma participativa. As sugestões foram sistematizadas e organizadas pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, presidida por Furlan. “Construímos uma proposta que, acredito, garante a autonomia necessária ao conselho”, resumiu Furlan.

Para o representante da Pastoral da Juventude de Santa Catarina, Uilian Dal Piaz, um dos principais pontos do projeto é a necessidade de vincular o Conselho à Casa Civil do Governo do Estado. “Precisamos garantir maior participação da sociedade civil e, com a vinculação à Casa Civil, vamos assegurar o diálogo com todas as secretarias, e não apenas uma área”, explica.

O caráter consultivo do conselho novamente retornou à discussão. A reivindicação unânime aponta para que o espaço tenha mais autonomia, com poder fiscalizador e deliberativo. O mesmo aconteceu na análise do parágrafo quarto, do artigo 6º do projeto, que delega ao governador a escolha do presidente do Conselho, a partir de uma lista tríplice apresentada pelos conselheiros. “Acho que esta é uma das partes mais deficitárias do projeto. Junto da paridade, praticamente garante o controle do Governo sobre um conselho que deveria representar a sociedade”, resume Soares, do ICJ.

Debate pelo estado

A audiência pública de Curitibanos foi a terceira de um ciclo de cinco encontros regionais para debater com a juventude catarinense do teor do PL que cria o Conselho da Juventude. A primeira aconteceu em Criciúma, no dia 30 de setembro e a segunda em 10 de outubro, em Joinville. Nesta sexta o debate acontece em Chapecó. O ciclo finaliza em 5 de novembro, na Capital.

Histórico de uma luta

O projeto que criou o Conselho da Juventude, em 2009, foi apresentado por Padre Pedro e continuou uma luta iniciada pelo ex-deputado estadual e atual prefeito de Brusque, Paulo Eccel. A Assembleia chegou a aprovar o texto original em dezembro de 2007, por 19 votos a 16. Contudo, a matéria foi vetada pelo governador Luiz Henrique da Silveira. O projeto retornou para análise em 2009 e foi aprovado. No entanto, ficou faltando a regulamentação para funcionamento do órgão, concretizada com o envio do PL 284 pelo Governo do Estado, em agosto deste ano.

SEGUNDA MATÉRIA

Participantes apoiam construção de escola em Fraiburgo
Os mais de 250 participantes da audiência pública que debateu o projeto de lei 284/2013 aprovaram uma moção de apoio à construção da escola estadual do bairro São Miguel, em Fraiburgo. A região tem mais de 11 mil habitantes, e é maior do que 140 municípios catarinenses. No entanto, conta hoje com uma estrutura precária de ensino estadual, em uma sala alugada, que obriga mais de 95% dos estudantes a se deslocarem para outras regiões.

“Estamos felizes com este apoio porque esta escola é um avanço indiscutível para a produção do conhecimento de milhares de meninos e meninas do bairro e de todo Sul do município. Além disso, reduz também o número de alunos por sala nas outras escolas da cidade”, afirma Jilson dos Santos, coordenador da Associação Paulo Freire de Educação Popular (APAFEC), que tem sede no bairro. A entidade atua diretamente com crianças e jovens em projetos nas mais diversas áreas.
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Cássio Turra
Assessoria de Imprensa
Mandato Popular
Deputado Padre Pedro Baldissera (PT)
(48) 3221-2726
(48) 9947-2049

www.padrepedro.com.br

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