terça-feira, 28 de maio de 2013

As Várias Tribos Da Escola

Alguns anos se passaram desde que eu ingressei no cotidiano da escola pública e até agora não encontrei a “fórmula perfeita” para educar de forma marcante e duradoura a nossa garotada, a não ser quando nós, educadores, agimos com o coração e o aluno aprende pela emoção… Afinal, tudo que causa emoção é inesquecível.



O que acumulei neste tempo de magistério foram algumas experiências que merecem destaque, aliás, acho que mais aprendi do que ensinei durante este tempo: Aprendi que o ser humano pode ser infinitamente surpreendente e de forma altamente positiva quando a ele é dado um estímulo, uma motivação que resultam na transformação do indivíduo em cidadão atuante na sua comunidade.

Coincidentemente (ou não), estes grandes avanços aconteceram todas as vezes em que, por algum motivo, rompi relações com a gramática pura e resolvi valorizar a leitura, análise e produção de texto de forma livre e democrática, transformando a sala de aula num ambiente descontraído e paradoxalmente produtivo, pois quando o aluno sente-se à vontade, mostra suas verdadeiras qualidades (e defeitos também, é claro), seus mais genuínos talentos, desenvolvendo-os destemidamente. Mas para isso, é necessária que se conquiste a confiança do educando, fator que quando o fazemos de forma despretensiosa, torna-se cada dia mais difícil e muito mais trabalhoso que a aula tradicional, pois neste caso geramos uma relação de cumplicidade com os estudantes.

Pois foi nestes momentos de “liberdade” que colhi alguns subsídios para classificá-los, mesmo que de forma jocosa:
O aluno pombinha: É aquele que vive empoleirado na janela fiscalizando o movimento lá fora…

O aluno lagartixa: Ao chegar na sala, sua primeira atitude é grudar no paredão dos fundos… Para tirá-lo de lá, só com o milagroso sinal que anuncia o intervalo.

O aluno passarela: Desfila o tempo todo de um lado para outro, buscando a atenção do público.

Aluno torneirinha: Toda aula, religiosamente, precisa ir ao banheiro, mesmo que o reservatório esteja vazio, só para prevenir…

A turma do mijo: É a galera que sempre marca encontro no banheiro para colocar as fofocas em dia sentindo os aromas fétidos, sólidos ou líquidos, do campo.

O aluno Van Gogh: É um artista de muito talento, pena que suas obras são pintadas nas mesas e nas paredes da escola e as serventes insistem em destruí-las.

Narcisista: Ama tanto a si mesmo que deixa seu nome escrito, na maioria das vezes, com corretivo, em todos os lugares por onde passa. Esta é uma classificação inerente às meninas e sempre vem antecedida por “100% Fulana de tal”…

Mas é claro que tem aqueles, imensa maioria, que tomam posição a favor dos estudos e mesmo fazendo parte de um dos grupos acima, conseguem avançar no conhecimento sem medo nem vergonha de aprender. Por trás de todos eles, existem seres humanos que, na maioria das vezes, ao receberem uma oportunidade realizam grandes feitos, deixando educadores e família surpresos e agradecidos.

Texto: Márcio Roberto Goes

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