sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Relações “Homo Caninus”

”Quem conheceu um amigo, jamais morrerá...”. Lembrei-me deste trecho de uma canção ao presenciar cenas envolvendo o melhor amigo do homem: o cão... No mesmo dia, encontrei dois cães atravessando duas ruas centrais de Caçador, obedecendo à faixa de pedestres e contrariando os humanos...Quando fiz autoescola, descobri que pedestre é todo aquele que se move com as próprias pernas, o que comprova que um cachorro é um pedestre e deve portar-se como tal, portanto, nossos dois amigos caninos procederam corretamente.


O cão tem honrado, e muito, o título de melhor amigo do homem (motorista ou não), afinal, ele ama e protege aqueles que lhe dão comida, fato já comprovado cientificamente, além disso, pesquisas mostram que a companhia de um cachorro cura até depressão... Parece cômico pensar que uma doença ocasionada por problemas comportamentais humanos pode ser curada por um quadrúpede irracional que só vive para comer, defecar, urinar, latir e procurar um animal do sexo oposto para cruzar, aliás, neste último aspecto os caninos encontram muitos adeptos “homo sapiens” também.

O “homo caninus” (vamos chamá-lo assim pela grande amizade com o homo sapiens) só não fala porque não tem um maxilar com articulação suficiente, mas compreende melhor que muitos racionais a linguagem humana. Portanto, meu amigo, não se sinta ofendido ao ser chamado de cachorro, isso é um elogio, Quer alguns exemplos?...

 O cão percebe quando seu dono não está bem, não pode aconselhar ninguém pelos motivos já citados, mas sabe aproximar-se de maneira a fazer entender que quer ajudar de alguma forma (poucos humanos são capazes desta proeza).

Os caninos não pensam no dinheiro, aliás, preferem ser vira-latas de donos pobres, que lhe ofereçam restos de comida boa, ao contrário dos cães de raça dos ricos que comem somente ração feita de farelo de osso de primeira qualidade, nada saborosa, que só os cães de raça comem, e têm muitos nutrientes para zelar da saúde do cachorro e deixar o pelo mais forte e brilhoso, enquanto isso, o filho humano do João Ninguém, nada forte nem brilhoso, deve contentar-se com arroz de terceira e feijão (quando tem) e derivados do fubá puro que só filho de João-Ninguém come...

Se você brigar ou bater num cão, mesmo sem motivos, ele não pensa duas vezes antes de perdoar, ou melhor, o cão não perdoa porque não condena (muitos seres humanos são rápidos para condenar e lerdos para perdoar)...

O cachorro está com seu dono até o fim e nenhum obstáculo pode separá-los. Como acontece na obra de Machado de Assis, onde o professor Rubião recebe uma grande herança de seu amigo filósofo Quincas Borba, com uma condição: cuidar de seu cão que tem o mesmo nome do dono até que a morte os separe... A fortuna acaba, mas o cão não abandona seu novo dono que depois de uma desilusão amorosa fica louco e morre ao lado de Quincas Borba (o cão que não o condena jamais), coroando-se Napoleão III.
Resumindo, os cães, pedestres ou não, literários ou reais, brilhosos ou opacos, filósofos ou não, têm muito a nos ensinar sobre relações humanas, ou melhor, relações “homo caniunus” que de certa forma são mais humanas que as dos homo sapiens.


Nenhum comentário:

Postar um comentário